Ibovespa fecha em leve alta antes da entrada em vigor das tarifas de Trump

O principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, encerrou o pregão desta terça-feira, 5 de agosto de 2025, com leve alta de 0,13%, aos 133.151 pontos. A oscilação do dia refletiu a cautela dos investidores diante da iminente entrada em vigor das tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, marcada para esta quarta-feira, 6 de agosto.

O mercado operou com baixa volatilidade, com o índice variando entre a mínima de 132.682 e a máxima de 134.233 pontos. A movimentação foi influenciada pelo comportamento de papéis ligados ao mercado interno, além de ações de empresas menos expostas ao mercado externo, que ganharam força com a perspectiva de redirecionamento de fluxos de capital.

Entre as maiores altas do dia, destacaram-se as ações da BRAV3, com valorização de 5,74%, COGN3 (+1,83%), BBSE3 (+1,12%) e BEEF3 (+1,02%). As ações dos grandes bancos também tiveram ganhos moderados: BBDC3 subiu 0,22% e BBDC4 avançou 0,19%.

O dólar comercial fechou praticamente estável, cotado a R$ 5,5056, com leve queda de 0,02%. Apesar da variação modesta, o câmbio segue pressionado pelas tensões comerciais e incertezas políticas globais, e reflete também a movimentação de investidores estrangeiros em busca de proteção cambial diante da nova rodada de tarifas dos Estados Unidos.

As tarifas impostas pelo governo norte-americano, sob a gestão do presidente Donald Trump, combinam uma taxa base de 10% com um adicional de 40%, totalizando um encargo de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. A medida entra em vigor nesta quarta-feira e pode afetar diretamente cerca de 35,9% das exportações brasileiras destinadas ao mercado norte-americano.

Entre os setores mais afetados pelas novas tarifas estão o agronegócio, com destaque para produtos como carne bovina, café, cacau e açúcar. As exportações de madeira, pescados e bens de engenharia civil também estão na mira das sobretaxas. O setor de pescados, por exemplo, poderá enfrentar sérios prejuízos, já que cerca de 70% de sua produção exportada tem os Estados Unidos como destino.

Por outro lado, setores considerados estratégicos pelos dois países foram excluídos das tarifas. Estão na lista de isenções produtos como aviões (beneficiando empresas como a Embraer), suco de laranja, celulose, petróleo e minério de ferro. A exclusão desses itens ajuda a amortecer parcialmente o impacto negativo sobre o comércio bilateral.

O mercado ainda tenta antecipar os desdobramentos da medida sobre a balança comercial brasileira, e há expectativa de que empresas atingidas busquem novos mercados ou pressionem o governo por contramedidas diplomáticas. O setor de agronegócio, especialmente, deve ser o mais penalizado, com projeções negativas para margens de lucro e exportações nos próximos trimestres.

Analistas avaliam que a alta do Ibovespa nesta terça-feira pode ser interpretada como um movimento técnico de acomodação, sem indicar um otimismo claro em relação aos efeitos das tarifas. A tendência, segundo especialistas, é de maior volatilidade nos próximos pregões, à medida que os impactos concretos começarem a ser sentidos nos resultados das empresas afetadas.

A entrada em vigor das tarifas ocorre em um momento de fragilidade nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, e levanta incertezas adicionais quanto ao futuro das exportações brasileiras em setores chave. Para o investidor, o cenário exige atenção redobrada, diversificação de carteira e monitoramento constante dos desdobramentos geopolíticos e comerciais.

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