COPOM mantém Selic em 15%: impactos para a economia e investidores

Na reunião de setembro de 2025, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano. Essa é a segunda manutenção consecutiva após um longo ciclo de aperto monetário. No comunicado, a autoridade monetária reforçou que continuará vigilante, avaliando se este nível de juros por um período prolongado será suficiente para trazer a inflação de volta ao centro da meta. Também deixou em aberto a possibilidade de voltar a elevar a taxa caso surjam novas pressões inflacionárias.

A decisão reflete uma combinação de fatores. A inflação ainda se mantém acima da meta e as expectativas, apesar de alguma melhora, continuam desancoradas. Há incertezas globais, com choques nos preços internacionais, variação cambial e tensões geopolíticas que podem impactar a economia brasileira. Além disso, a demanda doméstica segue relativamente aquecida, o que mantém pressões sobre salários e preços. O cenário fiscal também gera cautela, já que a sustentabilidade das contas públicas influencia diretamente as expectativas de inflação. Por fim, o mercado financeiro já esperava essa manutenção, precificando que cortes só aconteceriam em 2026.

Para investidores, o atual patamar da Selic cria um ambiente bastante favorável à renda fixa. Títulos públicos como Tesouro Selic e CDBs pós-fixados oferecem retornos expressivos no curto prazo. Títulos prefixados também podem ser atrativos para quem pretende carregá-los até o vencimento. Já os papéis atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, permitem ganhos reais no longo prazo, embora apresentem maior volatilidade no curto prazo. No mercado de ações, a taxa elevada gera um custo de oportunidade maior, o que limita o avanço da Bolsa, mas empresas exportadoras ou de setores defensivos podem se beneficiar. Nos fundos imobiliários, os de papel tendem a oferecer bons rendimentos neste momento, enquanto os de tijolo sentem mais o impacto do crédito caro. Há ainda espaço para investidores mais arrojados explorarem crédito privado de emissores de boa qualidade, como debêntures e CRIs, que oferecem prêmios adicionais.

Em relação às perspectivas, a maior parte dos analistas projeta que o primeiro corte da Selic só deve ocorrer no início de 2026, possivelmente em janeiro, de forma gradual e cautelosa. Para que isso aconteça, será necessário observar uma inflação em trajetória clara de queda, expectativas bem ancoradas, alguma desaceleração da demanda interna, estabilidade no cenário internacional e disciplina fiscal por parte do governo. Caso contrário, não está descartada a necessidade de manter os juros elevados por ainda mais tempo.

Portanto, a manutenção da Selic em 15% mostra a postura firme do Banco Central diante da persistência inflacionária e das incertezas no Brasil e no mundo. Para os investidores, o momento é de aproveitar as oportunidades na renda fixa, manter uma parcela de proteção contra a inflação e planejar posições de longo prazo para se beneficiar quando o ciclo de cortes finalmente tiver início.

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